sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O que aprendi com "O aprendizado da morte"


   Hey, galerinha! Tudo bem com vocês? 
  Ontem que era dia de postar aqui, acabei engolindo barriga revisando um livrinho novo que vem por aí... (em breve falo dele para vocês!) Mesmo assim, hoje venho comentar sobre esse livro que, pelo o que vi na internet, poucas pessoas conhecem: O aprendizado da morte. 
    Você conhece o autor Assis Brasil?


 Tenho que dizer, antes de tudo, que só fui conhecê-lo através da faculdade de Letras. No período passado precisei fazer um trabalho a partir da leitura do livro O aprendizado da morte e, só assim, pude me aprofundar sobre a obra. 
  Resolvi compartilhar um pouquinho do meu seminário com vocês (contém spoilers), apostando que possa vir a ser útil para outras pessoas que estejam procurando informações sobre o livro na internet e, é claro, para que vocês fiquem na curiosidade de lê-lo também!

   Mesmo com mais de cem livros publicados, Francisco de Assis Almeida Brasil não possui o reconhecimento literário que se imagina depois de conhecê-lo. Seus livros mais famosos retratam “as coisas que atormentam o homem”, que seriam: a perda da liberdade (Os que bebem como os cães), o medo da morte (O aprendizado da morte), o cotidiano absurdo (Deus, o Sol, Shakespeare) e o destino supostamente injusto (Os crocodilos); também mencionados como o “ciclo do terror”. 
   A personagem principal de O aprendizado da morte, Olga – narrada ora em terceira pessoa, ora em primeira, entrando no fluxo inconsciente da protagonista –, descobre que tem leucemia. O fato de ter poucos meses de vida a faz caminhar em uma espécie de “iniciação para a última viagem”, onde Olga se reconecta a memórias de seu passado para que possa se despedir. 
   Esse medo de saber que vai morrer logo cria uma narrativa de lamentação a partir das inquietações de Olga, que ao mesmo tempo não consegue transformar a história de forma a parecer pessimista e, sim, em um romance que expõe as angústias e a possível “solidariedade com a morte” nesse percurso de preparação. 

124 páginas, 1976

    Assim, o trabalho de Assis Brasil lida com o indivíduo, com o que fazer com o morto e não com a morte (como diz no trecho do poema que abre o livro: “Qual a roupa / que vou vestir / para tão grande / acolhida?” Carlos Nejar). A narrativa de Assis Brasil também propõe uma nova leitura, a começar pelos capítulos. Cada capítulo parece representar os sentimentos de Olga, sensações que retornam em seu dito aprendizado. Como A Cela, que nomeia quatro capítulos, incluindo o primeiro, onde começa dizendo: “Não era uma cela, sentia” (pag. 11). Olga se encontra em um hospital ganhando sua sentença de morte, como um prisioneiro. E a alternância de narrador também sugere o estado de Olga, além da repetição de trechos, como reafirmações de seu inconsciente, e o uso frequente de flashbacks. 
    A história de Olga trás o medo mais profundo, o medo do inadiável, de se esperar o grande dia, o dia da partida. “No fundo, todos tinham medo e choravam pelo seu destino” (pag. 86). Medo. Destino. Morte.
   Por isso, “a pior morte é a morte em vida” (pag. 100). Olga vai descobrindo isso durante seu aprendizado, um aprendizado, principalmente, sobre como viver. “Levante a cabeça e aprenda a dizer adeus. Você sofrerá menos. Nós somos transeuntes, estamos de passagem” (pag. 47), sua mãe diz. E é com isso que ela tenta lidar ao frequentar o grupo de apoio de Pedro, buscando amenizar esse medo até o ponto de aceitação, ouvindo também dos outros o quanto isso os assusta, e vendo que ela não está sozinha.
    Olga também questiona sobre como o homem desperdiça sua vida: “[...] as pequeninas coisas tem um sentido profundo, só que nós não reparamos nelas” (pag. 16). Como os negócios, a modernidade, pode afetar a vida das pessoas, quase os deixando sem almas. Olga acaba se pegando por olhar para as pessoas imaginando quando seria sua morte, se seria logo, ou se elas realmente aproveitavam a vida que tinham do modo como ela gostaria de ter a chance. “Ah, se fosse possível uma mágica para voltar ao passado – com que ânsia se agarraria aos pequenos momentos de prazer, de felicidade” (pag. 44). 

Fontes:

   Que fique a reflexão de que também é preciso aprender a lidar com a morte, acima de tudo, para se aprender a viver. 
   Já leram esse livro? Conhece outro do autor? Comente o que achou, eu adorei conhecer essa história! Até a próxima!

    

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