Olha quem apareceu trazendo resenha!!! :)
Pois é, tem um tempinho que não sai resenha aqui no blog, não é? Com isso, é fácil deduzir que demorei para terminar a leitura de Lugar Nenhum? Sim! Para vocês terem ideia, comecei a ler em janeiro e só concluí essa semana!!! Pois é... mas vamos parar de falar do meu fracasso com o relógio e ir logo para o que interessa?! Eu estava louca para ler um livro do Gaiman e a premissa de Lugar Nenhum me chamou bastante a atenção! Se prepara que vem alguns spoilers...
Sinopse:
Em Lugar Nenhum, Richard Mayhew é um homem simples de coração bom que tem a vida transformada quando ajuda uma jovem que encontra ferida numa calçada. De um dia para o outro, Richard se torna invisível na Londres que sempre conheceu: não tem mais trabalho, não tem mais noiva, não tem mais casa. Para recuperar sua vida, ele se embrenha em um mundo que nunca sonhou existir, uma cidade que se abre nos esgotos e nos túneis subterrâneos: a chamada Londres de Baixo, em que personagens únicos e cenários mirabolantes fazem a Londres de Cima parecer uma mera paisagem cinza.
Título: Lugar Nenhum
Título Original: Neverwhere
Autor: Neil Gaiman
Resenha:
"—Meu jovem, entenda uma coisa: existem duas Londres. A Londres de Cima, onde você vivia, e a Londres de Baixo, o Submundo, onde habitam as pessoas que caem pelas brechas do mundo. Agora você é uma delas."
Eu fiquei muito curiosa para ler Lugar Nenhum (como já disse) não só pela história, mas para conhecer algum trabalho do Gaiman, que é tão elogiado. Eu conheci o discurso Faça boa arte, do Gaiman, e tenho o livrinho da Intrínseca como um xodó na estante, super recomendo! Um oceano no fim do caminho talvez seja o mais conhecido dele, pelo menos é o que eu mais vejo comentarem, e a Intrínseca também publicou Os Filhos de Anansi, Deuses Americanos e Mitologia Nórdica. Todo esse pano de fundo mitológico, fantástico, sempre me atraiu, e não seria diferente com a fantasia urbana que conta a história do londrino Richard.
Assim como conta na sinopse, o protagonista encontra uma garota ensanguentada na rua e decide ajudá-la, sem saber que aquele simples gesto de bondade o levaria, literalmente, para a vida de Door (o trocadilho com o nome não é coincidência, inclusive, Gaiman usa muitos trocadilhos com nomes americanos na história). A menina, por outro lado, quer descobrir mais sobre a morte de sua família e tem pistas deixadas por seu pai, só que para isso precisa da ajuda de De Carabás, um marquês cheio de cartas na manga, e de Hunter, a guarda-costas que Door arranja para acompanhá-los nessa jornada pelos túneis do Submundo. E Richard vai junto, não vendo outra forma de tentar descobrir uma forma de ir para a Londres de Cima e ter seu emprego, noiva e casa de volta.
"Só então Richard olhou para ela: uma garotinha de rosto delicado e pálido, em formato de coração, com grandes olhos cor de opala que o encaravam com urgência. É, disse a si mesmo, acho que não estou totalmente pronto para desistir de viver."
Durante a aventura de Lady Door, que o atrapalhado Richard Mayhew acaba sendo peça "chave" (me desculpem, não resisti á essa), é claro que aparecem outros personagens no caminho. O Sr. Croup e Sr. Vandemar vivem perseguindo nossos mocinhos na história, cheios de características muito próprias (o que foi aquela cena do vaso da tradição chinesa?), mas são muito caricatos e enfadonhos; usando o termo que um deles diz, a "verborragia" é bem evidente em seus diálogos e isso, ás vezes, cansa a leitura. Não consegui vê-los como uma dupla realmente perigosa em algumas partes e isso foi desanimador na leitura.
Outro lado negativo, portanto, é o desenvolvimento de alguns personagens. Anasthaesia é um exemplo, que nos faz ficar na expectativa de algo mais elaborado e fica perdida no escuro (quem leu pegou essa também). Algumas cenas pareceram confusas, com pontas soltas, sem mais detalhes; como alguns desdobramentos sem melhor contexto. A espera do casal protagonista também nunca ocorreu, o que não é de todo ruim, mas da a entender que Door é importante (romanticamente) para o Richard e em determinado momento ele desfaz essa ideia completamente e isso confunde o leitor, que fica com um final meio a meio.
"—Eu estava com fome — explicou.
—Eu também — retrucou Richard.
—Você gosta de gato? — perguntou.
—Sim — respondeu Richard — Adoro gatos.
—Prefere coxa ou peito?"
Tirando isso, Gaiman realmente arrasa nas descrições. Sua narrativa é leve e nos envolve fácil, nos transportando aos túneis de esgoto com tanta facilidade quanto aos telhados ou vagões de trem - levando em consideração que a Londres de Baixo é um lugar diferenciado, com criaturas e pessoas vistas com maus olhos, os descartados na sociedade londrina acima deles. Esses passam a ser especiais, importantes, e está aí um ponto muito interessante na história de Lugar Nenhum: mostra os marginalizados, artistas de rua, os mendigos e até mesmo os ratos, com um olhar novo, nos mostrando, talvez, que há muito não visto por aí; que nós não prestamos atenção na vida enquanto vivemos.
"Voltou a andar de metrô para ir e voltar do trabalho [...], em vez de ler, observava os rostos das outras pessoas nos vagões, rostos de todos os tipos e cores, e se perguntava se eram mesmo todas da Londres de Cima, imaginando o que se passava por trás de seus olhos"
Sem a sombra de dúvida a leitura de Lugar Nenhum é recomendada para amantes de fantasia urbana, para aqueles que procuram uma linguagem infantojuvenil, com personagens criativos e uma aventura inusitada. Só que, infelizmente, não alcançou a expectativa que eu tinha quanto romance.
Pois, sim, é importante lembrar que o livro é uma edição do roteiro de Neil Gaiman para a série Neverwhere, de 1996, dividida em seis episódios. A primeira versão em livro da série americana saiu em 1997. Por isso os cortes de cena são muito precisos, da para passar mesmo essa ideia de episódios e, para complementar, na próxima semana espero trazer um post (edt: acesse o post aqui) pontuando a série com o livro. É claro, nós sempre dissemos que o livro é melhor que a adaptação, mas e quando a adaptação é o livro? Veremos... estou curiosa para assistir, apesar de ser uma filmagem antiga.
Então é isso, gente! Espero que tenham gostado de conhecer um pouquinho sobre o livro Lugar Nenhum, eu adorei a leitura, apesar dos pontos negativos, e espero ler outros livros do Gaiman com a pretensão de ser realmente fisgada dessa vez. Já leram algum livro dele? Comente aí para mim e até a próxima!
"—Sabe, Garry — começou Richard —, você já parou para pensar se a vida é só isso?
—Como assim?
—Trabalho. Casa. Bares. Conhecer mulheres. Morar na cidade. A vida. Será que é só isso?"
Eu tinha dito num post no início do ano que as resenhas sairiam quando desse, não posso mais estabelecer um cronograma certo para liberá-las, infelizmente, pois está bem corrido para colocar a leitura em dia. A única coisa que não muda é o dia dedicado á elas, que continua sendo aos sábados, okay? *-*
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