terça-feira, 16 de outubro de 2018

Balzac e a Costureirinha Chinesa - vivência literária


   Oi gente! Tudo bem? O post de hoje é para dividir com vocês algumas impressões que tive ao assistir o filme Balzac e a Costureirinha Chinesa, que foi uma grande surpresa para mim. Já assistiram?


   É uma produção lançada em 2002, ambientada durante a Revolução Cultural na China.  Foi indicada ao Globo de Ouro por Filme Estrangeiro e é uma adaptação do livro homônimo publicado em 2000 pelo escritor Dai Sijie. O livro fez sucesso na França, onde se deu sua primeira publicação, e também concorreu ao principal prêmio de literatura francesa, o Gongourt.

    A revolução chinesa de 68 fez com que jovens intelectuais fossem enviados a campos para serem "reeducados" por camponeses em regiões pobres. Depois que Luo e Ma, dois amigos apaixonados por ler e contar histórias, conhecem a menina famosa por ser a Costureirinha da região, o trio passará por diversas situações sempre destacando a vivência de leitura deles. A expansão de mundo através dos livros.
Foto: allocine.fr

    A Costureirinha, na verdade, não sabe ler. Em determinado momento do filme Luo diz que precisava "curar sua ignorância" lhe apresentando a literatura. Assim, quando descobrem a existência de uma mala repleta com livros que foram proibidos pelo líder chinês Mao Tse-Tung, os dois amigos se arriscam para roubá-la. A gruta dos livros, como eles passam a chamar o lugar onde deixaram os exemplares, passou a ser um  esconderijo de leitura para os garotos. 
     Assim, a Costureirinha passa a ouvir as histórias por Luo Min, que gosta de vê-la impressionada com os enredos, tanto que Balzac se torna o predileto da garota. Com o passar do tempo, vemos o entusiasmo dos três a cada livro lido, a rapidez e a euforia ao conversarem sobre e ainda citam trechos de autores como Flaubert, Baudelaire, Dickens... "Sinto que o mundo mudou", Ma comenta depois de terminar uma leitura.
Foto: Blog Lente Subjetiva
     A influência de suas leituras chegam ao avô da menina, que passa a morar com os garotos e se pega gostando de O conde de Monte Cristo. As descrições da moda francesa inspiram o alfaiate a criar peças femininas que se assemelham ao estilo francês. 
    Quando o filme caminha para o final, notamos que a Costureirinha é quem, literalmente, costura os pontos mais marcantes da história, levantando questões feministas a partir de suas perspectivas sobre a vida com o seu amadurecimento na montanha. Ela toma uma decisão que surpreende, e quando Luo a pergunta quem a transformou, ela responde "Balzac", em referência ao trecho que diz que a beleza de uma mulher é um tesouro sem preço. 

      Portanto, o filme é delicado e bonito, trazendo um desfecho que ninguém espera, carregado de mensagem. Além de retratar todo o trabalho pesado dos camponeses, a forma como o povo privado de cultura no campo acolhe a literatura e a música de Mozart, vemos visões diferentes de amor. 
      É importante também ter em mente o quanto uma história que traz o foco na literatura num momento histórico de repressão pode conversar diretamente com a situação política do nosso país ou de qualquer outro; afinal, a literatura liberta (só que muitos ainda não sabem disso ou, aqueles que sabem, proíbem).
      Mas me contem, gostaram do filme? Leram o livro? Conta aí, até a próxima! :)

Fontes:

http://www.editoras.com/objetiva/332-5.htm
https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=27281251

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