terça-feira, 28 de janeiro de 2020

A Arte da Escrita (Zen) de Bradbury


A coletânea de textos de Ray Bradbury está na minha lista de leitura há um ano, nem acredito que finalmente posso dizer que o livro vale ser lido de novo! A demora não é pela insatisfação com o livro, mas, sim, pela falta de tempo para se ler com calma, apreciando as dicas do autor de Fahrenheit  451. Para quem gosta de artigos de escrita, O Zen e a Arte da Escrita é uma companhia ideal para refletir sobre seu fazer literário; ele tem um tom estilo Sobre a Escrita, do King, então, considero leitura indispensável se você procura por livros assim. Você já leu?

O Zen e a Arte da Escrita
Imagem de fundo: O Globo

O Zen e a Arte da Escrita é um conjunto de artigos publicados em anos diferentes, na verdade, reunidos de modo com que podemos conhecer o Bradbury leitor, escritor, poeta e simplesmente como um ser humano que não queria abandonar seus sonhos de criança ao aceitar ter que crescer. Temos uma espécie de "bastidores" de escrita, onde ele nos conta suas experiências, mesmo antes de sua carreira alavancar. E eu, particularmente, adoro essas memórias, é incrível ver outros ângulos de uma história de vida. Dentre elas, você sabia que o primeiro rascunho de Fahrenheit 451 foi escrito em nove dias em uma máquina movida a moedas de uma biblioteca? ("Que lugar, você há de concordar, para escrever um romance sobre queima de livros no futuro!" R.B.) São cases como o de Ray Bradbury que nos inspiram a pegar na caneta ou no teclado de forma ainda mais confiante, aquele empurrãozinho que diz "vá você também e conte sua história". Só eu tenho essa impressão com livros desse gênero?!

"... se você está escrevendo sem entusiasmo, sem prazer, sem amor, sem alegria, 
você é apenas meio autor" - Ray Bradbury

São vários artigos que parecem nos levar a caminhos distantes, porém, no fundo, retomam o assunto geral que é sobre como se manter firme em seu potencial de escrita. Quais lugares recorrer, técnicas procurar, ou simplesmente momentos de olhar para dentro de nós mesmos e enxergar nossos mais antigos desejos e pesadelos. Mesclando vida pessoal e profissional, levemente, os textos sempre nos deixam querendo a próxima página, por mais peculiar que possa parecer o título.

Chegando ao final da antologia, o artigo que leva o nome do livro vem nos mostrar de forma mais direta a importância que o escritor dá para o que seria essa "escrita Zen". Acredito que não tinha parado para pensar dessa forma, tão redondinha, sobre a ligação "trabalho" -- "relaxamento" -- "não pense", antes das ponderações do escritor americano. Estamos acostumados a encontrar manuais de escrita por aí como se bastasse aplicar certos métodos e buumm! Você será o novo best-seller! O que sabemos muito bem que não funciona assim.

Bradbury deixa claro que o que ele propõem não é uma receita de bolo, é apenas o que deu certo com ele, então por que não testar também? Acho sempre válido! Afinal, nosso mercado editorial atual nos deixa saturados e é preciso adotar um comportamento "Zen" se quiser passar por situações que com certeza virão para te desanimar na carreira de escritor. Ou seja ela qual for. O importante é seguir sua intuição, e foi justamente esse olhar "humano" para o "ser escritor" que me ganhou nessa obra.

"Não dê as costas, por causa da vaidade de publicar coisas intelectualizadas, ao que você é: o seu material é que faz você individual e, portanto, indispensável para os outros" - Ray Bradbury

No final do livro, uma surpresa: poemas de Ray Bradbury que conversam diretamente com essa prática de escrita. Poética. O que foi engraçado, pois durante a leitura dos artigos fui ficando curiosa para ler poemas do autor, antes eu nem sabia que ele havia escrito poemas um dia, então a edição nos presenteia com 8 poemas - que não poderia ser conclusão melhor. Já os artigos que mais me identifiquei, foram: A alegria da escrita (1973), Como manter e alimentar a Musa (1961), Investindo moedas: Fahrenheit 451 (1982), Sobre os ombros de gigantes. Crepúsculo nos museus de robô: o renascimento da imaginação (1980), e O zen e a arte da escrita (1973).

Ray Douglas Bradbury faleceu em 2012, nos deixando muitos escritos, conhecido principalmente na ficção científica e fantasia. Dentre eles se destaca a história do bombeiro de livros, que eu já mencionei. Como leitora e autora de distopia, não poderia deixar de dizer como é genial, pelo pouco que já li. Lembro que enquanto postava Renegados no Wattpad, vieram comentar sobre a semelhança com o livro de Bradbury, eu fiquei sem saber o que falar. Não lisonjeada (essa parte veio depois), mas por, no meu amadorismo, de fato não conhecer Fahrenheit 451. Depois que fui pesquisar e me encantar com a comparação. Como eu disse no último post do blog, adoro distopias pela forma como elas se conectam com nossa atualidade mesmo se tratando de ficção. Então, além de O zen e a arte da escrita, leia mais de Bradbury!

"Fantasia, mesmo quando toma a forma de ficção científica, o que frequentemente acontece, 
é perigosa" - Ray Bradbury

Bom, espero que tenha gostado. Quero ler mais do autor para procurar, em breve, trazer comentários por aqui (Quem sabe um dia eu volte com o conto "Um som de trovão", que retrata um pouco da ideia de efeito borboleta. Já fica a dica!). Mas você conhece o livro? Gostou das dicas de escrita? Como autor (a), costuma procurar livros assim? Até a próxima!


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