Dia 14/03, próximo sábado, era Dia Nacional da Poesia. Você sabia? Provavelmente não, a não ser que seja alguém intimamente ligado ao mundo das letras - talvez nem assim. Mas a data passou do aniversário de Castro Alves para o de Carlos Drummond de Andrade, que é comemorado em 31 de outubro. Ainda assim, em março temos o Dia Mundial da Poesia, dia 21. Mas onde está a poesia?
Foto de fundo: Karine Monteiro |
Às vezes, parece que ela só orbita entre os antigos. Se você pesquisar no Google por "poetas brasileiros", por exemplo, os nomes que aparecem em destaque são: Vinícius de Moraes, João Cabral e Machado de Assis, para citar alguns. Mas e nos dias de hoje? Não existem mais poetas?
Bom, chegamos ao primeiro ponto de afastamento: nos ensinam desde pequenos os grandes clássicos da poesia e prosa de forma a classificá-los em escolas literárias. Somos obrigados a não gostar de literatura na escola, já que se torna uma disciplina de memorizar épocas e características de estilo, onde tira-se um tempo quase insignificante para a leitura integral dos textos.
Além da falta de incentivo da escola, que torna a leitura (de modo geral) uma prática "chata" ao invés de prazerosa para os alunos, temos o julgamento de que poemas são produções inferiores aos romances, ao mesmo tempo em que eruditos demais. Vou explicar. Quantas vezes você já ouviu que é difícil entendê-los? Ou que vale mais a pena ler uma prosa de trezentas páginas?
"Arte (que não) é para todos"
De modo geral, o fazer artístico não é valorizado e divulgado com bons olhos em nosso país, visto como perda de tempo. Onde está a poesia? A poesia está em tudo. O que nos falta é sensibilidade, o mundo é tão cruel que nos transforma em pessoas sem subjetividade. Fazem-nos acreditar que não somos bons o bastante para nos tornarmos escritores, pois não somos como Drummond. Não somos, mas não devemos ler apenas Drummond quando existem vários autores a conhecer.
Isso tudo me fez lembrar um trecho de O Zen e a Arte da Escrita, onde Ray Bradbury comenta:
"Leia poesia todos os dias de sua vida. Poesia é bom porque exercita músculos que não são utilizados sempre. Poesia expande os sentidos e os mantém em forma. Ela mantém você consciente de seu nariz, olho, ouvido, língua, mão. E, acima de tudo, a poesia é uma metáfora compacta ou um sorriso. Essas metáforas, como flores de papel japonesas, podem se expandir em formas gigantes. As ideias estão em todo lugar nos livros de poesia, embora muito raramente os professores de conto as recomendem para estimular a escrita"A literatura persiste. Vejo poetas lançando seus livros, vejo poesia nos versos de Slam, o problema é que ainda não é tão acessível - quando falamos dos espaços e no preço dos exemplares. Estão à margem, tentando se reconectar com a vida das pessoas, quebrar a barreira que culturalmente foi construída.
Conectados com a poesia
Quando falamos do que vem de fora que está agitando as coisas por aqui, podemos citar a americana Amanda Lovelace (A princesa salva a si mesma neste livro, A bruxa não vai para a fogueira neste livro, A voz da sereia volta neste livro) e a canadense Rupi Kaur (Outros jeitos de usar a boca, O que o sol faz com as flores), conhecida, aliás, como Instapoet.
Citei as duas para entrar num ponto de mudança quando se trata dessa prática literária hoje em dia, que são os textos curtos de redes sociais como Instagram e Pinterest. São meios muito comuns de disseminar literatura atualmente, onde tudo é acelerado e, por isso, uma leitura rápida pode se tornar ideal. Sem contar que todos estamos conectados, então estamos sempre lendo, mesmo sem notar. Muitos autores estão conquistando público assim, como também é o caso da Clarice Freire, do Pó de lua. Pode ser a virada do jogo.
Acredito que a poesia seja uma forma de despertar um novo olhar sobre as coisas e precisamos cuidar do modo como vemos o mundo e a nós, diariamente. Falando nisso, acompanhe alguns dos meus poemas autorais que saem no Instagram, basta acessar o @versoqueseescreve. Sábado vai sair uma novidade por lá! Toda semana tem poema novo. Até mais!
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